sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O parque

 
  Hoje fomos ao parque, sentimos o sol aquecer nossa pele e o vento nos refrescar. A sombra das árvores tomava conta dos brinquedos e as brincadeiras aconteciam independente de tudo isso. O vai e vem das crianças, o entra e sai dos pais com os filhos, os brinquedos na areia... Parque tem movimento, ação, relação. Mães que se encontram, pais que conversam, filhos que se tornam amigos e brincam sem parar. O parque é sempre igual, mas torna-se diferente a todo instante, com as brincadeiras que se transformam e as diferentes crianças que compõem o cenário. Hoje meu filho brincou de bombeiro, transformou a gangorra em cataputa, atacou os amigos com uma espada emprestada, balançou, correu, sentiu a areia nos pés e escorregou.
   Há alguns anos o parque faz parte de nossas vidas. Durante esse tempo, conhecemos muitos brinquedos e formas de brincar, muitas delas totalmente fora do tradicional. Também observei os diferentes comportamentos do meu filho frente aos desafios encontrados, aos relacionamentos e como ele explora o mesmo brinquedo de inúmeras formas.

   Nesse tempo, eu também tenho aprendido muito... Diferentes formas de ser mãe em um parque, de deixa-lo ir e saber que do chão não passa, perceber que subir no escorregador pelo lado contrário é mais interessante e desafiador do que descer e que estar presente na brincadeira e se distanciar são ações que se relacionam quase que constantemente.
   O parque traz mudanças de comportamento. Quando as crianças são pequenas, corremos atrás deles todo o tempo. As cenas chegam a ser engraçadas, de pais em cima da casinha, correndo ao redor do brinquedo com medo que o filho passe direto e caia lá de cima. Mãe segurando o filho para não ser arremessado longe pelo balanço ou auxiliando nas corridas e caminhadas. A cada ano, o tempo ao lado do filho diminui e o tempo de conversa aumenta. Os espaços entre uma corrida e o descanso no banco também são maiores. E hoje, percebi que o tempo sentada em um banco observando o filho brincar pode durar quase toda a permanência no parque. Acho que em breve levarei companhia para eu conversar enquanto ele brinca. Um livro também pode ser uma boa opção. O bom disso tudo é que adoro vê-lo brincar. É inspirador ver as crianças correndo e inventando historias, sendo crianças em sua essência e desfrutando da infância.



   Hoje minha companheira de banco foi a Ágatha, descansando no sling enquanto o irmão brincava. Em breve ela também estará lá, correndo e vivendo a infância em sua plenitude. E eu retornarei as primeiras idas ao parques, correndo atrás dela, ensinando alguma brincadeiras e observando-a descobrir tantas outras.
   Ciclos que passam e voltam, como o ir e vir das ondas do mar. Sempre o mesmo movimento, mas nunca igual. Antes éramos só nós dois nas tardes de parque, agora somos três, vivendo esse ciclo da infância, tão rico, belo e inspirador. Brincar no parque é viver, observar essa brincadeira é renovador. Algo como voltar ao que um dia eu fui e sentir novamente a areia nos pés e a criatividade infinita de reinventar o mesmo brinquedo de tantas formas diferentes. Eu no banco e ele cada vez mais longe dele. Nathan solto, livre, seguro, feliz, leve, criativo no seu tempo, do seu jeito. E Ágatha a espera desse momento, olhando o que podia até o sono chegar. Dois tempos, dois momentos plantados na mesma terra. E o parque faz parte do adubo, ajuda crescer e ter raiz forte.
   O parque é uma parte da arte de educar. E nele encontramos refugio e liberdade para ser o que queremos ser.


   
   Combinações perfeitas de uma tarde: crianças, parque, sol e vento. Uma fruta, muita água, como é bom esse tempo!