Desde que a Ágatha nasceu passamos por dificuldades para
adaptarmos nossas vidas a essa nova vida que estava chegando. Muitas
tentativas, muitas emoções, muita intensidade... E o sono dela tirava nosso
sono. Era muito difícil fazê-la dormir durante o dia e suas sonecas não duravam
mais do que 45 minutos. Então ela dormia muitos 45 minutos ao longo do dia,
sempre lutando com o sono ou talvez com a forma que eu a fazia dormir. Às vezes
era meia hora para acalmá-la no colo o que me deixava muito desgastada.
Tentei muitas técnicas, todas que fiz com o Nathan e que
deram certo, com ela não funcionaram. Fiz aquela trouxinha bem apertada, mas
como ela se mexia muito não dava certo. Também tentei dormir junto, acalmá-la
no berço, carrinho. O sling funcionou, mas não conseguia ficar o dia todo,
todos os dias com ela no sling. Precisava de uma solução onde pudesse deixá-la
descansando para eu descansar também. Os meses passaram e as dificuldades
continuavam. A esperança era o tempo passar e esse período passar também!
Um dia estávamos cansados do nosso apartamento, queríamos movimento,
algo novo e decidimos comprar uma rede para relaxar e para o Nathan brincar.
Nossa sala ficou mais relaxante... E numa tarde tentando fazer a Ágatha dormir
minha faxineira sugeriu que eu a colocasse na rede, pois ela tinha feito com os
filhos e tinha dado certo. Quando coloquei fiquei embalando e ela dormiu muito
tranquila. Aquela cena foi inacreditável. E no dia seguinte tentei de novo e
deu certo. E assim ela foi se aconchegando na rede e eu relaxando enquanto
cantava e embalava minha filha. Logo instalamos uma rede no seu quarto e essa
passou a ser sua cama nas sonecas diurnas. Ela dormia muito rápido, a música
nem acabava e ela já estava dormindo. Tudo ficou muito diferente, a rede nos
trouxe paz, as sonecas já não eram mais um problema. Ela aprendeu que ali era
seu lugar de dormir e quando ia colocando a Ágatha na rede ela já ia relaxando.
E sempre que havia uma dificuldade no seu sono na cama a rede estava lá para
nos ajudar!
O tempo passou, hoje ela está com nove meses e a rede
continua sendo sua companheira de sono. Ela também dorme no colo, mas percebo
que na rede ela se sente livre para se mexer, se aquietar e esperar o sono
chegar.
Recentemente a rede me trouxe paz novamente. Em uma das
noites que fico em casa sozinha com os dois e tenho que fazê-los dormir, passei
por momentos tensos, aqueles que saem fora do planejado e da rotina. A Ágatha
foi dormir, mas acordou 45 minutos depois, chorando muito parecia estar com dor
e não conseguia voltar a dormir. O Nathan estava com sono, se preparando para
ir para a cama, comendo uma fruta na cozinha e foi quando apareci com a Ágatha.
Aí ele me perguntou: “mãe, quem vai me fazer dormir?” Eu disse: “a mamãe!” E
ele perguntou: “mas como você vai fazer com a Ágatha?” E eu respondi: “não sei
filho, vou encontrar alguma solução!”
Enquanto ele comia a maçã fiquei pensando, desesperada, no
que ia fazer. E de repente tive uma ideia: a rede! E perguntei: “filho, que tal
você dormir na rede da irmã? A mamãe fica cantando a música que canta para a
irmã e você dorme. O que você acha?” E ele respondeu: “pode ser!” Preparei uma
mamadeira para pequena, sentei no banquinho, ele deitou na rede e começamos
mais uma aventura. Fiquei cantando, ele se mexeu um pouco até que se ajeitou e
começou a respirar pesado, logo já estava dormindo. Ela foi relaxando no meu
colo enquanto tomava a mamadeira e dormiu também. Nessa hora, repirei fundo,
coloquei a Ágatha na cama e fui para a sala relaxar os músculos. Nem acreditava
que tinha conseguido fazer os dois dormir e que a rede, mais uma vez, tinha
ajudado a solucionar o sono. E esse foi o primeiro episódio desse novo balanço
na rede. Outros dias aconteceram e deram certo também. Quando percebo que o
Nathan está muito cansado coloco ele na rede, ela no colo e os dois dormem
juntos.
Parece uma situação simples, algo fácil, mas cada mãe enfrenta
suas dificuldades na maternidade. E essa foi mais uma que superei. Conseguir
fazer os dois filhos dormirem, sendo que cada um vive um momento diferente: ele
quer historias para dormir e entende se precisa ir agora ou precisa esperar um
pouquinho. Ela precisa de calmaria para fechar os olhos e pegar no sono senão
fica prestando atenção em tudo e não entende o que é esperar ou ir agora.
Necessidades diferentes, filhos diferentes que ganhei de
presente, mas que até no sono conseguem se unir quando necessário. Isso é amor,
companheirismo, compreensão e vitória. E é no embalo dessa rede que vamos
curtindo momentos juntos, não só de sono, mas de brincadeiras também, de um
acordar divertido com o irmão invadindo a rede para dar ‘oi’ para a pequena ou
de um ‘boa noite’, quando ele sai da rede e vai brincar para ela poder dormir.
A rede trouxe paz, embala nossos sonhos e relaxa nosso
corpo. E assim seguimos, com o balanço da rede movimentando nossa vida!
EU A REDE E A PAZ
(Autor: Henrique R. de
Oliveira)
Relaxar o corpo numa rede
vagarosamente pra lá e pra cá.
aliar o silencio ao aconchego
para a paz se instalar.
transformar o tarde no cedo
retirando o nunca do pensar
ser coragem sem ser medo
para o sonho se concretizar.
Por mais que a vida exija batalha
vencê-la, sem prejudicar ninguém
do som das teclas ao balanço da rede
eu e a paz no vai e vem.