segunda-feira, 9 de abril de 2012

A constante inconstância

   Na nossa vida, uma das coisas que nos traz segurança é a  certeza de nossos atos, uma rotina relativamente estruturada, mesmo para aqueles que dizem não gostar de rotinas e nem ter rotinas. Um dia-a-dia mais ou menos igual, com pontos onde podemos nos apoiar, caso alguns imprevistos aconteçam ou algumas pedras rolem ao longo caminho.
   A constância de nossos dias nos traz segurança, na verdade uma falsa segurança, pois nessa vida nada é certo, nada está totalmente sob nosso controle, pois basta estar vivo para morrer, basta ter dinheiro para perdê-lo ou ter saúde para se descobrir uma doença. Enfim, nossa vida é uma caixinha de surpresas, onde cada dia temos que descobrir algo, nos surpeender com alguma situação e nos deparar com algo que não havíamos nos programada.
   Bem, sempre gostei e ainda gosto dessa falsa segurança que acho que tenho, planejar o dia é algo que me deixa tranquila, pois consigo imaginar e organizar atividades que pretendo desenvolver. Mas, há mais ou menos 18 meses esse planejamento mudou um pouco, pois muitas e muitas vezes ele não é executado. Um filho torna qualquer dia diferente do que se planeja, qualquer organização diferente do que se imagina ou qualquer atividade sem tempo definido.
   Esse é o caos maravilhoso que acontece em nossas vidas quando nos tornamos mães. Muitas vezes fico de cabelo em pé, pois tudo que planejei fazer não consegui, as coisas se acumularam e acabei ficando de mau humor. Mau humor, como assim? É, isso também faz parte de ser mãe. Às vezes parece até uma TPM, mas analisando melhor pode ser traduzido em falta de sono, falta de tempo, esgotamento ou tudo junto. Os fatores para tudo isso acontecer? Bem, são muitos! Pode ser cólica, sono, dente nascendo, frio, calor, fome, salto do desenvolvimento, pico de crescimento, quero colo, não sei o que quero, dormi pouco, quero atenção, estou irritado sei lá com o que, tô a mil hoje, tentei falar e você não me entendeu, chorei e você também não me entendeu, acordei no meio do sono sei lá porque, estou cansado, fiquei superestimulado e agora não consigo me acalmar, não sei mamar direito ainda, acabei de chegar nesse mundo e é uma loucura, no útero era bem melhor, estou aprendendo muita coisa ao mesmo tempo.
   Diante de todos esses fatores e muitos outros que às vezes nem sabemos quais são, é difícil planejar algo. Mas, como sou insistente, continuo tentando me programar. Muitas vezes dá certo e muitas vezes não. Convivo constantemente com a frustração por não ter conseguido fazer aquilo que gostaria, ansiedade por ter um monte de coisas para fazer e pouco tempo e alegria por muitas vezes ter conseguido fazer as coisas como gostaria. O meu grande aprendizado tem sido estar feliz independente das circunstâncias, ficar alegre mesmo que nada do que planejei tenha acontecdido e ter a certeza de que coisas melhores acontecerão, pois o melhor sempre está além do que planejamos.
   Ser mãe é uma infinidade de sentimentos, todos juntos dentro de mim e estes se intercalam constantemente. O grande desafio é não se moldar a eles e viver nessa montanha-russa sentimental, mas manter uma constância no meio dessa inconstância de sentimentos, continuar seguindo com a inconstância de uma criança em desenvolvimento que hora dorme bem, ora dorme mal, ora come, ora não quer comer e por aí vai...
   Fiquei pensando numa imagem, algo que caracterize tudo isso e lembrei do bambu. Penso que devemos ser como o bambu, leve, solto, que se volta para cima, mas sempre se mantém flexível e vai crescendo moldável ao som do vento, o qual mostra a direção.



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