Nem todos os dias são flores, nem
todos os dias somos só amores. Alguns vêm com espinhos e outros com um pouco de
carinho. Mas todos com a certeza de que vale a pena ser mãe, se dedicar, ir ao limite
e viver os momentos mais incríveis e que nunca imaginei viver.
Em meio a alguns dias cansativos
fico pensando nos meus limites e como vivendo no limite perco a paciência mais
fácil, fico irritada frequentemente, a cabeça pesa e o corpo quer descansar.
Tudo isso parece um horror, como sentir tudo isso sendo mãe de um menino tão
bonitinho? Como falar isso se ser mãe é tão lindo? Bem, ser mãe é tudo de bom e
mais um pouco. É conviver com esses sentimentos e aprender a não se culpar por
senti-los. É admitir que essa profissão às vezes exige mais do que se parece
suportar. Mas, é difícil admitir tudo isso, principalmente para si mesma.
Entretanto, quando esse processo começa a acontecer tudo fica mais leve e
livre.
Perceber que estes sentimentos
fazem parte desta nova vida nos ajuda a viver melhor ao lado de nossos filhos,
nos impulsiona a ir além, ultrapassar os limites e reconhecer que não existe a
mãe perfeita e, principalmente, que eu não sou a mãe perfeita. Tenho meus
defeitos, fico esgotada, muitas vezes tenho vontade de sair correndo e ter
alguns minutos em silêncio, sem ninguém por perto ou tudo que queria era dormir
a tarde inteira sem ter hora para acordar.
Admitir tudo isso não é fácil,
quebra ilusões que construímos dentro de nós mesmas, imagens da mãe ideal ou da
mãe que gostaríamos de ser e não conseguimos. Conviver com esses sentimentos
não é fácil e muitas vezes a culpa caminha lado a lado evidenciando nossos
defeitos, enfatizando atitudes que não gostaríamos de ter. Nessas horas,
conversar com alguém ajuda, chorar até não ter mais lágrimas alivia, mas, acima
de tudo, lembrar do amor que temos no coração, daquilo que desejamos oferecer
aos nossos filhos pode ser a cura para esses sentimentos que muitas vezes nos
perseguem. Não se iluda achando que deixarão de existir. A vida não é fácil e
os pensamentos negativos dominam nossa mente. Mas acredite que o amor cura,
transforma e faz a vida ser mais doce. O amor é o maior tesouro que existe
dentro do coração e é esse tesouro que temos que cultivar no coração de nossos
filhos.
Sentimentos negativos, atitudes
ruins sempre existirão, afinal somos seres humanos e naturalmente convivemos
com nosso egoísmo. Mas se tudo isso estiver imerso num ambiente de amor, será
diluído e certamente o amor prevalecerá. Não quero justificar atitudes ruins ou
aceitá-las, apenas mostrar que todos sentem, eu sinto e é normal sentir. Só não
é normal dar continuidade a isso ou achar que tudo bem.
É necessário entender os
benefícios dos aparentes malefícios. Para mim sempre foi horrível admitir que
às vezes é difícil passar o dia com meu filho, que tenho vontade de fazer as
minhas coisas, que fico cansada de acordar a noite. Sempre achei que teria que
ser de ferro, infalível, afinal sou mãe e é para isso que estou aqui. Mas nessa
última semana que tenho vivido no limite por diversos fatores estou percebendo
que há algo de bom em estar no limite, principalmente porque percebo que posso
ir além dele. Estou aprendendo que é possível encontrar a paz numa tarde de
tempestade, que é possível se divertir com um dente incomodando, sem eu ter o
tempinho da soneca da tarde para ver meus e-mails. Viver no limite tem me
levado a novas leituras e descobertas, uma busca incessante por mais paciência,
novas ideias e atividades.
Viver no limite tem me mostrado que há alguém que
precisa mais de mim do que eu mesma e me dedicar a esse alguém é um ato de
amor. Amor é o que eu acredito, acima de tudo. Então, viver no limite tem me
ensinado a amar. Acima de tudo, amar!