terça-feira, 17 de abril de 2012

Escorregando além de seus limites

   Hoje eu e o Nathan fomos ao parque e lá o espaço se tornou pequeno para tanto aprendizado ou será que este se ampliou devido a tantas descobertas? Enfim, o momento foi mágico, excitante e até meio tenso, pois quando os filhos tentam ir além do que estamos acostumados ficamos na zona do desconforto, entre a felicidade das novas descobertas e o medo dos acidentes sempre presentes na vida de uma criança.
   O tempo foi curto, mas eterno, altamente significativo para nós. Coisas simples que marcam, como palavras grifadas em um texto. Estar com os filhos é assim, quando você tem olhos para ver, enxerga “palavras” destacadas a todo momento.


   E hoje não foi diferente. Depois de um início de dia cansativo fomos brincar no parque e lá, mais uma vez pude refletir sobre o universo de uma criança... Pela primeira vez o Nathan foi em todos os escorregadores sozinho. Até então eu dava uma ajudinha, pois ele perdia o equilíbrio e caía com a cabeça para trás. Além disso, tinha um pouco de receio em deixá-lo andar por aquelas casinhas, que tem a ponte pencil, os escorregadores e os outros brinquedos. Sempre achava que ele ia sair correndo e acabar caindo por algum buraco ou que eu não ia conseguir segurá-lo nos escorregadores. E hoje, tudo foi diferente. Ele começou indo em um escorregador tipo tobogã, com a minha ajuda e logo que desceu quis subir. Eu, um pouco tensa, fui superando minhas inseguranças e medos e fui ensinando-o como subir se agarrando nas laterais do escorregador. Lá em cima outro aprendizado: aprender a sentar antes de começar a escorregar, senão dava tudo errado e ele descia batendo a cabeça.
   Na primeira vez que escorregou o sorriso não cabia no rosto, ele dava gargalhada de felicidade. Mesmo dando umas cabeçadas ele quis ir mais e mais vezes. Era visível sua felicidade pela nova conquista, pelo novo obstáculo vencido. A cada descida ia aperfeiçoando e se fortalecendo e logo já tentava novas formas de descer e subir. E não foi diferente nos outros escorregadores. Descia por um, subia por outro. Corria feliz em cima da casinha, desfrutando da liberdade que adquiria, apreciando a paisagem por outro ângulo, adquirindo auto-confiança a cada passo e tendo a certeza dentro de si de que “eu consigo!”. 


   Isso tudo parece muito simples, um passeio no parque numa tarde comum. Mas certas atitudes e conquistas tornam-se marcos na vida de uma mãe e de um filho nesses “momentos comuns”. A confiança que ele terá em sua vida começa na certeza de que vai conseguir subir o escorregador para escorregar sozinho, porque ouviu sua mãe sussurrar no ouvido “você consegue!”, “eu te ajudo a subir”, “você pode fazer dessa forma para chegar lá”. Ou porque teve a oportunidade de perceber que suas pernas estão mais fortes e agora consegue ir além do que ia antes. Percepção essa que perdemos ao longo da nossa jornada, pois muitas vezes paramos onde estamos e essa parada, ao invés de ser passageira, torna-se definitiva e acaba sendo uma forma limitada de viver.


   Ao ver meu filho no parque hoje, superando seus limites, se desenvolvendo fisicamente e extravasando sua felicidade em cada passo que dava pensei nas minhas limitações... O que são elas senão passos que se estacionaram ao longo da minha vida? O que está atrofiado pelo o que ouvi e vi em todos esses anos? Questões profundas que me fazem escrever esse texto e refletir... Questões que também se relacionam com a felicidade. Será? Afinal sou uma pessoa feliz. Claro que sou, não tenho dúvida disso, mas também não tenho dúvida de que cada passo que der além daquilo que sou me fará mais feliz, tão feliz quanto uma criança que brinca emoldurada por uma linda paisagem, iluminada pelos raios do sol, que desfruta da liberdade que há em seu íntimo, ainda preservada, ainda intacta. Liberdade que eu desejo ter e que ao olhar para meu filho me inspiro a buscá-la, resgatá-la, pois um dia existiu, isso tenho certeza. 

   Cada passo de uma vez, sem parar, passo a passo. Passos que não param, que vão para frente e sempre buscam. Caminho longo, sem fim por vezes parece. Mas o fim é quando acabam os passos. Ou os passam acabam quando o caminho termina. Caminhar sempre, nunca parar, continuar nas curvas, mesmo que estas pareçam o fim. O fim, você saberá quando chegar. O caminho ficará estreito demais ou seus passos se tornarão pesados e lentos. Caminhar sempre, indo para frente, jamais para trás.

2 comentários:

  1. Lindo e verdadeiro vida!!! Adorei... =) inclusive as fotos...perfeitas!

    Bjão! Wanessa!

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  2. Fê a cada matéria que leio me encanta mais o teu blog...parabéns amiga..e já disse vai escrever um livro..tais ficando muito boa nisso.

    Um bjão Pri

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