Há algum tempo Nathan ganhou uma escada de presente.
Inicialmente seria para auxiliar na sua higienização, no sobe e desce para lavar
as mãos e escovar os dentes no banheiro. Também iria ajudar na nova atividade
que estava adorando fazer, observar a máquina de lavar trabalhando. E para isso
tinha que colocá-lo numa cadeira toda vez que queria vê-la e tirá-lo logo após.
Com a escada, ele poderia subir e descer sozinho. Menos trabalho para a mamãe e
para o papai.
A escada chegou e eu, na minha inocência, tinha certeza
que seria usada somente para aqueles fins. Mas, quando ele percebeu que subindo
na escada conseguia alcançar lugares que até então só podia ver de baixo e que
poderia fazer coisas que ainda não conseguia por falta de tamanho, levava a escada
por onde ia. Começou a acender e apagar a luz da sala, do quarto, depois foi
para a pia da cozinha ver o que tinha por lá, em um outro móvel ver os
remédios, chás. E mais tarde deu uma passadinha no banheiro, para ver os
cremes, desodorantes e tudo mais que tinha por ali.
Vendo tudo isso, pensei: como pude ser tão inocente em
pensar que ele só iria usar a escada para escovar os dentes e ver a máquina? Então
pensei: agora tenho que ficar indo atrás dele o tempo todo, pois só mexe onde
não deve ou onde é perigoso. Acho que vou jogar essa escada pela janela! E
depois lembrei: não dá, temos tela em todas as janelas!!! Mais tarde, pensei: a
escada pode ser útil para seu desenvolvimento. E logo em seguida: ele pode
participar das coisas que eu faço, me “ajudando” e assim se sentir mais
incluído.
Bem, descartando os pensamentos anteriores e me firmando
neste último, comecei a utilizar a escada como minha aliada. Quando ia lavar a
louça, ele trazia a escada e ficava ali, brincando com algo e às vezes até
lavando uma louça comigo. Ou então, dava uma ajudinha na preparação do suco,
mexia, provava e se lambuzava também.
Ao invés de só ver a máquina, começou a me ajudar a colocar
a roupa para lavar e isso se tornou uma divertida brincadeira. Primeiro
escolhendo as roupas e ele dizendo de quem é, depois levando as roupas para a
lavanderia. Aí, em cima da escada ele vai colocando uma a uma na máquina e dali
para frente pode deixar por conta do Nathan que ele acompanha todo o andamento
da lavação. Se está brincando com outra coisa e a máquina faz barulho, vai logo
ver o que está acontecendo. E quando termina a operação ele fala: “aboo”
(acabou).
Além disso, aprendeu que o espelho do banheiro é para a
mamãe se embelezar e tenta imitar algumas das ações, como colocar o óculos,
passar desodorante, tirar a sobrancelha... Tudo com supervisão, claro!
E com isso, a escada corre esta casa, como o Nathan corre
atrás da bola. Quando menos espero ele sai e volta empurrando a escada para
onde deseja ir. Percebi que este novo “bem”, de grande valor no nosso lar,
contribui para o desenvolvimento do Nathan, principalmente para ele vivenciar
com mais intensidade as atividades da casa, que anteriormente eram feitas
somente pelos adultos, mas que agora ele está inserido e, à medida que cresce,
pode contribuir também.
Percebo ele feliz ao meu lado quando estou envolvida com
esses afazeres. Sempre que o incluo em atividades que normalmente uma criança
não faria, penso em ensiná-lo como pode ser prazeroso e divertido o que para
muitos adultos é chato, como lavar a louça, cuidar da casa, cozinhar, arrumar,
etc. Acredito que essa inclusão pode torná-lo mais participativo a medida que
for crescendo e quando formar o seu lar, irá ter atitudes sem machismo, discriminação,
apenas contribuindo com aquilo que ele sabe fazer e consegue fazer.
Por que essas tarefas precisam ser chatas? Eu estou
aprendendo que podem ser divertidas! Tudo isso por causa da uma escada...
apenas dois degraus que levaram o Nathan a um novo mundo de descobertas, a um
novo universo divertido em que ele faz o que a gente faz. Existe coisa mais
empolgante do que isso para uma criança?
Já para os adultos nem sempre é empolgante, muitas vezes é
desesperador, pois esses degraus causam mais bagunça e fazem o trabalho ficar
mais lento. Em contra partida, torna-se mais divertido, pois o peso da
responsabilidade some frente ao que se pode compartilhar com a criança.
Paciência para ensinar, amor para ensinar e tempo para aprender. Como leva
tempo para aprender tudo que uma criança pode ensinar. E como leva pouco tempo
para uma criança aprender o que um adulto quer ensinar. Acho que precisamos ser
mais crianças e, ao invés de descer nossos degraus para encontrá-las, devemos
subir os degraus que elas estão subindo e encontrá-las frente a este novo
horizonte que existe através do olhar de uma criança. Um horizonte de
descobertas a cada instante, de simplicidade a cada momento, diversão
garantida, tédio transformado em criatividade e amor, o mais puro amor.
Minha querida escada, nossa querida escada. Tão simples, tão
normal e tão intensa. Nos levando e um nível mais elevado, possibilitando uma
nova visão.
Meu horizonte
não tem limite!
Sigo em frente,
depois do horizonte,
se pegar a estrada,
fico acomodada,
não vou chegar...
Se pular a cerca,
mesmo que me perca
pra fugir do espinho,
encontro o caminho,
vou me superar.
não tem limite!
Sigo em frente,
depois do horizonte,
se pegar a estrada,
fico acomodada,
não vou chegar...
Se pular a cerca,
mesmo que me perca
pra fugir do espinho,
encontro o caminho,
vou me superar.
Ivone Boechat
...
Como sempre seus textos sao lindosssss! Parabens pelo filho lindo que vc tem! Bjs
ResponderExcluirOlá, descobri seu blog pelo grupo Montessori do face, e adorei...
ResponderExcluirEstou lendo seus posts, vc escreve muito bem.
Estou iniciando um blog e te convido a me conhecer também.
www.varaldospassarinhos.blogspot.com
BJS
aqui em casa é o banquinho. eu já comprei ele com segundas intenções, mas não fazia ideia de como ele seria aliado em tudo.
ResponderExcluircom o meu filhote acontece exatamente isso do nathan.
o banquinho é a solução para os seus problemas.
mas confesso que gostei mais ainda da escada do nathan, pois ela parece mais alta, o que permite melhor acesso aos lugares mais altos.
parabéns por ser uma mãe paciente e dedicada, ao invés de enlouquecer de vez (ok, às vezes é enlouquecedor, mas passa).
o mundo precisa de mais mães como você.
beijos,
luíza
ps: tb achei seu blog no grupo do montessori para mamães
parabééééns pelo texto lindo e pela inclusão do seu pequeno na rotina da sua casa!!!
ResponderExcluiraqui eu tb faço muuuuuito isso!! e Miguel tá sempre em cima de alguma coisa pra poder espiar (e xeretar!) o q estamos fazendo...
Oiii tbm conheci seu blog pelo Montessori para mamães, lindooo vou seguir!
ResponderExcluirDá uma passadinha no meu aqui: http://alicedentroeforadabarriga.wordpress.com
Bjs
Viver
ResponderExcluirIvone Boechat
A vida é uma flor aberta,
esperando alguém para extrair-lhe o mel;
quando o vento da tristeza,
das dores, das preocupações
balança tudo, reforça você.
Sabe por que?
A flor é eterna, o mel nunca se acaba,
fica escondido numa taça de perfume
e a gente faz que não vê.
Alegria, paz, harmonia, amor,
por maior que seja a dose, nunca embriaga;
dá plenitude, força e vontade
de sair plantando
as flores da esperança, da bondade.
Assim, louvando a vida,
é preciso amanhecer criança,
cheia de ansiedades
para beber uma taça desse mel,
com aroma e sabor de oportunidades.