O outono chega e traz consigo ventanias, árvores mais secas,
folhas caindo, paisagens bonitas e a doce Páscoa.
Tempo de transformação,
mudança, interiorização, crenças, reflexão, busca, comemoração e chocolates.
Cada um vive de uma forma, crê em algo, comemora de um jeito e tem total
liberdade para isso.
Desde que começou esse período pascal fiquei pensando como
abordar o assunto com uma criança de dois anos. Não gosto de toda essa apelação
comercial, ovos de chocolate, coelho, cenoura e tudo mais que envolve essa
época. Nada disso parece fazer sentido, sem contar nos excessos de doces e guloseimas!
Fiquei pensando em como contar a história da Páscoa para o
Nathan. Como somos cristãos gostaria de mostrar o verdadeiro significado da
data, mas para ele ainda é incompreensível o significado da morte e muito
complexo também. No Natal foi mais fácil, pois dizer para ele que era o
aniversário de Jesus foi uma festa e teve até bolo. Mas como explicar a morte e
ressurreição? E como explicar o significado do coelho, dos ovos e do chocolate?
Bem, já estava desistindo e desanimada, apesar de estarmos
confeccionando casquinhas com guache e papel de seda. Mas, após algumas
conversas virtuais, recebi dicas preciosas que deram um novo significado para o
momento.
Começamos na semana da Páscoa com uma mudança de cenário em
nossa casa. Situei o Nathan na época do ano que estávamos. “No outono as
árvores secam, as folhas caem no chão. Que tal colhermos algumas folhas para montarmos
um cantinho do outono na nossa casa?”. E assim começou o outono dentro de nossa
casa, com folhas e galhos colhidos no parque. Um tapete gostoso para sentar e
cestinhas para acolher o que foi colhido. Fui criando alguns detalhes,
incrementando, juntado uma coisa na outra e aos poucos nosso cantinho foi
criando forma.
Outra dica preciosa foi que nessa idade a criança realmente
não consegue compreender o significado da Páscoa, mas consegue vivenciar,
através de histórias que representem esse momento, características dessa época
do ano (nesse caso as folhas e galhos) e, principalmente, a vivência dentro de
casa, daquilo que acreditamos no nosso dia-a-dia. É isso que a criança absorve
e entende.
Então, uma boa história é a da lagarta que se transforma em
borboleta. Comecei contando antes de dormir e o Nathan ficou encantado com a
lagarta que entrava no casulo e virava borboleta. Depois, uma lagarta apareceu
no cantinho do outono. Ao longo da semana, confeccionei o casulo e a borboleta
e logo, tínhamos ali no nosso cenário a história costurada em feltro. E isso rendeu
muitas brincadeiras, junto com os inseparáveis pastor e ovelha que andam com o
Nathan por toda a casa.
No dia da Páscoa, um ninho de palha com as casquinhas da
mamãe, do papai e do Nathan, com a explicação de que dávamos ovinhos para as
pessoas. E assim demos ovinhos pintados por nós para todos nossos queridos, não
só recheados de chocolates, mas com muito amor e carinho, feito a mão,
representando o momento que vivemos.
Para mim, a Páscoa é muito mais que chocolate, assim como o
Natal é muito mais do que presentes. Tudo tem que ser vivido com muito amor, sem
aquela sequência de fatos que o mundo sugere que vivamos. Tento viver dessa
forma e ensinar isso para meu filho. Cada casquinha que pintávamos ele dizia
para quem era. Cada item do nosso cantinho foi colocado por nós de um jeito que
ficasse bonito e agradasse a todos. Nosso cenário é um novo canto de
brincadeiras e uma forma de trazer a natureza linda para dentro de nossa casa,
já que quando olhamos pela janela basicamente só vemos prédios.
Percebi que mudar o cenário da casa, assim como a natureza
muda, faz o nosso dia mudar. Olhar algo diferente feito por nós. Oferecer um
novo cantinho de brincadeiras, onde a criança pode juntar seus brinquedos com o
que trouxe da rua e disso criar uma nova história é fantástico. As conchas do
mar já viraram comida para todos, os galhos de alecrim comida para a ovelha. O
cenário já recebeu galos, galinhas, pastores, ovelhas e acredito que muito
mais.
O outono traz seu vento de mudança... as folhas caem, mas as
árvores permanecem. As plantas secam, mas suas raízes continuam no mesmo local.
Assim sou eu... mudando dentro, mas no mesmo lugar, na mesma casa, mas com
cenário diferente. Por enquanto os ventos me mantêm aqui. Às vezes os ventos
são tão fortes que levam as plantas longe. Mas isso não importa! Apenas é necessário
sentir o vento, deixá-lo bater e levar algumas coisas para em seguida trazer
outras.
“Somos folhas ao vento, pois não podemos traçar nosso
destinos,
apenas viver o que nos foi permitido...”
E depois de tudo isso, numa visitinha a uma querida amiga,
eis que vemos num galho de árvore o verdadeiro casulo com a borboleta. A
natureza é maravilhosa! Agora só falta o Nathan conhecer a lagarta!
Feliz Páscoa! Bem-vindo outono!
...
Oi, Fernanda ! Que maravilha ! Estivemos juntas no forum e fico feliz que tenha conseguido trazer toda essa riqueza para o pequeno. Quanto menos intelectual e explicativo...melhor ! E sempre as situações acabam colaborando e enriquecendo ,não é mesmo ? Se quiser acompanhar-nos visite http://umolharwaldorf.blogspot.com.br e http://tecendohistorias.blogspot.com.br Ficarei honrada com a visita ! Bjs< Betty Mello
ResponderExcluirAdorei!
ResponderExcluirMuito lindo, parabéns!!!
Feliz outono pra vcs.
Lindo, lindo, lindo!
ResponderExcluirParabéns!!!
Beijos!