Entrando em sintonia |
Há quatro meses adotamos uma gatinha para fazer parte da nossa
família. Não imaginei que teria uma gata, pois sempre convivi com cachorro e
nunca tive muito contato com gatos. Mas aqui em casa somos abertos a novas
possibilidades e estávamos pensando em algum animal de estimação para alegrar
mais nossos dias e movimentar o nosso lar. E nossas pesquisas começaram:
cachorro, passarinho, porquinho da índia, tartaruga, hamster... Nem tínhamos
pensado em gato, mas li a experiência de uma família que adotou um gato porque
a filha gostava de gato, mesmo com os pais amando cachorro. Isso me fez pensar
e refletir sobre a possibilidade. E lá fomos nós pesquisar sobre gatos. À
medida que lemos e conversamos com amigos que tinham gatos percebemos a
facilidade em criá-lo num apartamento, sem o compromisso de levá-lo para
passear ou de ensiná-lo a fazer suas necessidades em determinado lugar. O custo
também pareceu baixo, considerando que visitas ao pet shop são eventuais. Sua
independência também pareceu um ponto favorável, caso precisasse passar um período
longo sozinho.
Resumindo, tudo parecia muito vantajoso para a situação em
que vivemos, com filho pequeno, sem muito tempo e disposição para levar para
passear, ensinar a fazer xixi e coisas do tipo. Além disso, pensamos que o gato
parecia ser mais calmo que o cachorro e no momento seria perfeito para o Nathan
que estava meio arredio com animais, um pouco medroso e assustado.
Então decidimos adotar um gato! Fomos o um pet shop, nos
informamos sobre tudo e na mesma semana soubemos de uma feira de adoção. Chegou
a hora, vamos lá! Os meninos chegaram mais cedo olharam os bichinhos,
conversaram com algumas pessoas e depois eu cheguei para ver os gatinhos.
Imaginávamos pegar um bem novinho e pequeno, mas uma mulher disse que como
tínhamos criança talvez seria melhor pegar uma gato com alguns meses, que iria
entender a criança e suas brincadeiras. Dando mais um volta pela feira vimos
uma gata cinza, com 5 meses, linda. Calma, tranquila e apaixonante. Peguei no
colo e não larguei mais! E enquanto estava com ela no colo várias pessoas
vinham e olhavam para ela e eu não larguei até decidimos o que iríamos fazer.
Conhecendo seu novo lar |
Bastante assustada e toda encolhida, logo que chegou se
escondeu embaixo da cama e por lá ficou. Não forçamos nada. Sabíamos que com o
tempo ela sairia de lá. Mais tarde colocamos a comida por perto e algumas horas
depois conseguimos dar comidinha na sua boca.
No dia seguinte já estava andando por tudo e conhecendo seu
novo lar. Estávamos felizes ainda descobrindo seu jeito e como lidar com uma
gata. O Nathan às vezes ficava meio assustado com os pulos da Lola e quando ela
chegava muito perto. Mas com o tempo tudo mudou.
Olho no olho |
A medida que íamos conhecendo a Lola víamos a semelhança dela
com o Nathan. Jeito calmo e observador, um pouco tímida que chega aos poucos,
sem tomar conta do espaço. Fácil de fazer carinho, depois que se sente segura.
Desde que a Lola chegou nossos dias são mais alegres e
vibrantes. Uma nova companheira, que pede carinho, quer estar sempre presente e
cuida do Nathan como ninguém. Quer acalmar seu choro de madrugada, fazer
companhia ao amanhecer, brincar e lhe ensinar a cuidar de alguém. Nossa escolha
pelas facilidades de se ter um gato ultrapassaram qualquer expectativa. Nosso
filho se transformou desde sua chegada. Ele sempre foi calmo e pouco expansivo,
com brincadeiras tranquilas e até um pouco parado dentro de casa. Com a chegada
da Lola ele se tornou uma criança ativa, que corre pela casa inventando brincadeiras
com ela. Grita e dá muitas risadas ao seu lado. Chora porque ela não quer
brincar ou não fez a sua vontade. Está aprendendo a cuidar de alguém e nos
avisa quando ela precisa de água ou comida. Demonstra seu amor e sua fúria e
com isso está aprendendo a pedir desculpas quando bater nela e percebe que ela
fica triste.
Serenata para a Lola |
Eles se gostam tanto que algumas atitudes precisaram ser
tomadas: dormir junto tornou-se impossível, pois quando um se acalma o outro
quer brincar e os pais ficam loucos com isso. O Nathan quer mostrar o mundo
para sua companheira, então nós compramos uma coleira para pequenos passeios.
E, enquanto todos passeiam com seus cachorros, nós levamos nossa gata para
passear na praça!
Conhecendo o mundo |
Nunca imaginei ter uma gata. Nunca imaginei que uma gata
transformaria nossa casa e nosso filho. Nunca imaginei que uma gata deixaria
meu marido tão feliz e realizaria seu sonho de ter um animal de estimação.
Nunca imaginei que seria mais feliz com uma gata em casa, sem me importar com
seus cuidados e suas artes em destruir o forro do sofá ou querer comer meus
alfinetes de costura.
A felicidade em ver meu filho com sua amiga Lolinha é indescritível.
Quando chega dá “oi”, quando sai dá “tchau”. “Eu te amo” a todo o tempo e “desculpa”
às vezes. É assim que eles vivem, ele esmagando ela e ela adorando ser
esmagada. Bem cuidado, bem amado ele é e é assim que está aprendendo a agir com
sua gatinha. Um relacionamento que cresce em intimidade, amor e confiança. Para
ele, a Lola não é simplesmente um animal. Ela é sua amiga fiel, sempre
presente. Faz parte da nossa família, como ele mesmo fala: “papai, mamãe,
Nathan e a Lola”. Um amor lindo de ver e que nunca imaginei presenciar.
Sempre li sobre a importância de se ter um bicho de estimação
na infância, mas nunca entendi completamente o porquê. Hoje, percebo a
importância e o quanto a presença de um animal pode ensinar para a criança.
Como o Nathan ainda não tem irmãos, está aprendendo a respeitar a vontade do
outro, pois nem sempre é do jeito que ele quer. Às vezes ela quer dormir e ele
quer brincar. Ele está aprendendo a cuidar de alguém, observando sua comida, a
caixa de areia e aprendendo que precisamos cuidar dos outros. Também aprende
que a Lola precisa de limites, que não pode subir na mesa e no fogão e aos
poucos ela obedece e ele aprende que obedecer é legal.
São tantos ensinamentos... especialmente sobre o amor. O
Nathan nunca nega um carinho à ela e isso me faz pensar o quanto eu deixo de
dar as pessoas. É muito amor, puro amor. Só quem está por perto para saber
realmente o que significa essa parceria e como essa nova integrante da família fez
o Nathan desabrochar. Parece que ele floresceu, voltou-se para os outros, para
quem está ao seu lado. Saiu dele mesmo, expandiu. Alguém pode pensar: “Ah, mas
tudo isso por causa de uma gata?”. E eu respondo: “sim”! Uma gata que veio
curar e transformar nossas vidas. Deixar nosso filho menos arisco com as
pessoas e com os animais. Ela veio nos ensinar sobre o amor e sobre
cumplicidade. Uma gata, apenas uma gata e uma linda história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário